O Turismo como Projeto Político e sua capacidade de indução ao desenvolvimento econômico: destinos indutores ou concentradores do desenvolvimento turístico regional em Minas Gerais?
Guilherme Augusto Pereira Malta, Belo Horizonte Instituto de Geociências –IGC/UFMG 2018
Esta pesquisa lança luz sobre como o turismo enquanto tema central de um projeto político se articula com o desenvolvimento econômico e, indiretamente, com a contribuição na redução da pobreza. A incursão analítica no domínio dessas conexões tem como origem o contexto internacional, que mesmo sob fortes controvérsias advoga a favor desta pretensa capacidade do turismo. No cenário nacional é observada sua transformação em retórica política como um dos pilares estratégicos para se alcançar o desenvolvimento econômico, restrito à geração de emprego e renda.
Tomando como objeto uma ação pública que tinha por finalidade estimular o desenvolvimento turístico regional, buscou-se questionar como a participação no projeto dos destinos indutores implicou em mudanças nos indicadores socioeconômicos e de turismo nos municípios contemplados, considerando as demais localidades turísticas de Minas Gerais não selecionadas por essa proposta.
O recurso da abordagem quali-quantitativa de um tema multifacetado teve por intenção construir uma trama integrada entre aspectos teóricos e conceituais, análise de dados quantitativos secundários e estimações econométricas, além da discussão aprofundada de uma realidade empírica, por meio da pesquisa de campo. O desenho é condizente com os objetivos da pesquisa, que demandaram abordar o tema a partir de entradas diversas e que possibilitassem o diálogo complementar e progressivo entre os conteúdos abordados.
Os indicadores utilizados se basearam nas discussões realizadas e que revelaram aspectos predominantes da política nacional de turismo e do escopo teórico do projeto dos destinos indutores. Em ambos os modelos estimados, guardadas suas devidas peculiaridades, foi observado à melhora para os destinos indutores, tanto do ponto de vista de indicadores como renda, parcela de empregados com carteira e condições infraestruturais habitacionais, como no aumento dos empregos formais em turismo nas atividades de alimentação e alojamento.
Por fim, e diante de novas perspectivas de continuidade da proposta dos destinos indutores em Minas Gerais, ressalta-se que a retórica da política de regionalização não é suficiente para promover a indução do desenvolvimento turístico regional. A mudança do quadro de aprofundamento das desigualdades turísticas regionais passa fatalmente pela estruturação de ações e mecanismos desencadeados por atores locais/regionais, como a base necessária para que os benefícios do turismo sejam irradiados e as desigualdades minoradas.